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terça-feira, agosto 05, 2003
Oi. Vou te ver mais tarde, não vou? Espero que sim. Começou agora a pouco uma agoniazinha que eu conheço muito bem. É como uma onda que chega de manso, devagarzinho, e vai invadindo, invadindo, até me cobrir toda. Eu olho pro relógio e parece que o tempo parou, os ponteiros não se movem. Eu submersa. Sufocando. Eu tento ficar calma, mas não consigo. Tento pensar em coisas boas, mas não consigo. Só consigo pensar no que eu queria mas não tenho, no nosso cantinho jogado às traças, o jardim tomado pelo mato, a casa cheia de sujeira pelos cantos. E eu querendo tanto poder estar lá, cuidar de tudo direitinho. (Entrei na minha lojinha de 1,99 hoje depois do almoço. Cada coisa mais linda que você precisa ver. Coisas que eu queria espalhar na nossa casa, uma plaquinha de bem-vindos para o jardim, porta-retratos, velinhas, almofadas coloridas e fofinhas, tapetes, uma lata linda, de guardar biscoitos, toda decorada com gatinhos.) Às vezes eu queria que você falasse mais "nós vamos, viu? Pra nossa casa. Ela é nossa e nós vamos pra lá mais rápido do que você pensa." Segurando as minhas mãos entre as suas, os olhos dentro dos meus. Às vezes eu preciso que alguém fale alto porque se eu só imaginar, se eu falar só dentro da minha cabeça, fica difícil de acreditar, às vezes. Mas passa, a minha agoniazinha. Assim como ela chega, todo dia, vai embora. Já aprendi a conviver, se preocupe não. Eu levanto, vou no banheiro, molho o rosto com a água gelada da torneira. Se eu tiver vontade de chorar, vou na copa e empurro tudo pra dentro da barriga com um copo d'água. Vira um bolinho que o estômago leva às vezes uma tarde inteira pra dissolver, mas depois dissolve, e passa. Enquanto isso eu prendo a respiração pra não sentir esse lugar e essas pessoas e essa chatice toda ao meu redor. E eu rezo mesmo sem acreditar em deus, porque eu preciso pedir a alguém que passe logo e que eu possa suportar os meus expedientes na expectativa de almoçar contigo, e jantar contigo, e ver um bom filme e depois dormir ao teu lado na nossa cama, com os nossos gatos, e planejar as festas todas que haveremos de dar nos fins de semana. Eu sei que eu preciso acreditar, mas a minha fé já é tão pouca. Porque eu me viro do avesso pra mostrar uma força que eu não tenho, e eu disfarço bem, e todo mundo acha que eu sou forte mesmo, quando o que eu mais queria era um colinho e alguém que me acolhesse as lágrimas sem ter medo ou pena ou preocupação ou decepção. Alguém que não se sinta na ânsia de ajudar, alguém que não faça questão de ouvir mais do que eu tenho a explicar. Alguém que seja forte por mim, às vezes, para que eu tenha direito de aninhar as minhas fraquezas e não tenha que me pressionar tanto todos os dias da minha vida. Enviado por Claudia Zeal às 6:19 PM | link Comentários:
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