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quarta-feira, setembro 25, 2002
Às vezes sinto uma vontade quase incontrolável de chorar, quando espero aquele ônibus que nunca chega (e quando vem está sempre lotado), completamente exausta, e com muito sono, e com fome, às vezes com dor de estômago, às vezes com vontade de ir ao banheiro. E eu olho pro rosto de todas aquelas pessoas cinzentas, e elas estão como eu, e parecem mais com animais cansados do que com pessoas. São só espectros, vultos, sombras - os olhos não brilham, nunca há um único sorriso. E me dá vontade de gritar e bater com a cabeça no vidro do ônibus, mas eu prefiro me concentrar em tentar não dormir para não chamar a atenção de nenhuma delas, porque no fundo, eu sinto medo. Medo de encontrar o meu futuro dentro daqueles olhos frios. Meus Deus, eu fico me perguntando o que eu fiz do meu caminho, por que cheguei até aqui. Acordar as cinco da manhã, dormir quase meia noite, me anestesiar durante a semana inteira pensando única e exclusivamente no fim de semana e no passar dos dias, por que eles passam rápido, tão rápido quanto devem cair as folhas de uma árvore no outono. Não é natural e nem saudável passar cinco dias inteiros esperando por dois dias. Se a semana tem sete dias, todos devem ser vividos e aproveitados em sua plenitude, e não atravessados de olhos, boca e nariz fechados como num mergulho rápido e indolor. Foi escolha minha, eu bem sei, mas eu não gostei do resultado das minhas escolhas e agora não vejo opção, me sinto presa a esse presente detestável. Me pergunto onde foram parar os meus sonhos de criança, onde nessa altura eu teria a minha própria casinha, o meu próprio carrinho, viajaria pelo menos uma vez por ano e seria tão feliz que não veria nem a feiúra nem a frieza do mundo. Ontem foi dia 24, um dia que invariavelmente me traz algumas lembranças em especial. Não que elas sejam desagradáveis, mas deveriam continuar onde sempre estiveram, no limbo, e não voltarem pra importunar, pois é como diz uma veeelha música que eu ouvia quando menina e nem lembro mais quem cantava: "o que passou, passou, não importa - ficou do outro lado da porta." Num certo dia 24, a long time ago, eu vislumbrei um caminho totalmente diferente deste de agora. Trilhei esse caminho por um bom tempo, mas tive que abandoná-lo e seguir por um outro. Quando o caminho de agora se torna pedregoso, é impossível não lembrar do outro caminho, o que eu tive que abandonar. Fico sempre pensando no que seria de mim e como estaria se eu tivesse continuado por lá. Me incomoda isso de não conseguir controlar o próprio pensamento. Racionalmente eu já coloquei uma pedra enorme e "irremovível" em cima desse assunto, mas ele teima em voltar, é pra lá que o pensamento foge quando tudo fica difícil. (A minha psicóloga arrancaria todos os cabelos agora se soubesse dessas minhas recaídas, mesmo tendo dada como finda a minha terapia.) Dia 24, via de regra, não é um dia bom. Já acordo de mau humor e fico esperando que passe a interminável sucessão de acontecimentos ruins. Eu sei que não é o dia que é ruim, sou eu que faço ele ficar assim, mas ainda não sei como evitar. Mas isso foi ontem. Hoje é 25.
Enviado por Claudia Zeal às 7:15 PM | link Comentários:
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