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segunda-feira, setembro 10, 2001
Nada de novo sob o sol. A viagem foi mais ou menos como eu esperava, fora alguns imprevistos no caminho, como um pneu furado logo na ida, no meio de uma estrada vermelha e poeirenta, com o sol descendo cada vez mais rápido. O pneu furado não cabia no lugar reservado para o estepe, que fica no bagageiro, e o carro vinha entupido de bagagens. Resultado: todo mundo teve que ir atolado de malas e pacotes até o pescoço, durante a última hora de viagem. Fora que desde Fortaleza eu vinha "imersa" nos galhos de um pé de benjamim, que o meu tio resolveu levar de presente pra minha avó. Não que eu não seja ecológica, mas o meu sonho era me ver livre daquelas folhagens arranhando minha pernas.
Enfim, fora os contratempos, deu tudo muito certo. Nada como um pouco de ar puro pra arejar as idéias. Todos por lá estavam bem, matei as saudades e ainda aproveitei pra recuperar uns quilinhos, que a minha tia Carminha tem mãos de fada na cozinha. Deu pra ler um bocado também, meu conceito sobre o Henry Miller tá começando a mudar. Tá certo que ele escreve umas coisas que ninguém entende (pelo menos eu não), mas por outro lado tem umas passagens que não dá pra ficarmos imunes. Saquem só essa aqui: Por uma ou outra razão, o homem procura o milagre e, para realizá-lo, chafurda no sangue. Corrompe-se com idéias, reduz-se a uma sombra, se por um único segundo de sua vida pode fechar os olhos à hediondez da realidade. Tudo se suporta: desgraça, humilhação, pobreza, guerra, crime, ennui - na crença de que, da noite para o dia, algo acontecerá, um milagre, que tornará a vida tolerável. E durante todo o tempo um medidor está correndo lá dentro e não há mão que possa alcançá-lo e fazê-lo parar. Durante todo o tempo alguém está comendo o pão da vida e bebendo o vinho, algum padre sujo e gordo como uma barata que se esconde na adega para emborcá-lo, enquanto lá em cima, na luz da rua, uma hóstia fantástica toca os lábios, e o sangue é pálido como a água. E do interminável tormento e miséria nenhum milagre surge, nenhum vestígio microscópico sequer de alívio. Só idéias, pálidas e atenuadas idéias que precisam ser engordadas por carnificina, idéias que saem como bílis, como as entranhas de um porco quando se abre a carcaça. (...) Nos extremos limites de seu ser espiritual o homem se encontra de novo nu como um selvagem. Quando encontra Deus, por assim dizer, ele está bem arrumado: é um esqueleto. A gente precisa afundar-se de novo na vida a fim de ganhar carne. O verbo precisa fazer-se carne; a alma tem sede. Henry Miller - Trópico de Câncer Pois bem, no mais é isso. Vejo vocês em breve. Enviado por Claudia Zeal às 2:17 PM | link Comentários:
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